Transplante de rim de porco em humano é realizado pela primeira vez

Pela primeira vez, um rim de um porco foi transplantado em um humano sem provocar rejeição imediata pelo sistema imunológico do paciente, em um potencial avanço que pode ajudar a aliviar a escassez de órgãos humanos para transplante.

O procedimento feito no Langone Health, da Universidade de Nova York (NYU), envolveu o uso de um porco cujos genes foram alterados para que seus tecidos não contivessem mais uma molécula conhecida por provocar uma rejeição praticamente imediata.

A receptora do transplante foi uma paciente com morte cerebral com sinais de disfunção renal e cuja família consentiu ao experimento antes que ela fosse retirada dos equipamentos de suporte à vida, afirmaram os pesquisadores à Reuters.

Por três dias, o novo rim foi ligado às suas veias e artérias sanguíneas e mantido do lado de fora de seu corpo, garantido acesso aos pesquisadores.

Para o cirurgião brasileiro, é bem possível que, já na próxima década, sejam usados apenas órgãos animais em transplantes para humanos. Ele prevê que devem ocorrer procedimentos do tipo já nos próximos 6 ou 12 meses em países como China, Estados Unidos e Alemanha.

No Brasil, o processo vai demorar um pouco mais. Apesar de as pesquisas já estarem em andamento há anos, o estágio do desenvolvimento ainda está aquém do visto nos países que lideram a corrida.

📷 Transplante de rim de porco em humano é realizado pela primeira vez | R7

Uma das etapas que ainda precisam ser cumpridas no país é a construção de um biotério – um local controlado e com ambiente sanitário adequado nos quais os embriões serão introduzidos em uma porca matriz.

Até agora, os cientistas já conseguiram fazer a modificação dos genes de embriões de porcos – para que, no futuro, o rim e outros órgãos transplantados não causem rejeição nos humanos. A parte do procedimento que envolve edição genética está sendo feita no Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano da USP, liderado pela geneticista Mayana Zatz.

A expectativa dos cientistas é de que, até o fim do ano que vem, nasçam os primeiros porquinhos geneticamente modificados. Esses ainda não poderão ser transplantados para humanos, mas vão servir de teste, para que os cientistas saibam que são capazes de produzi-los.

“A gente pretende fazer primeiro um teste com animais ainda não clinicamente transplantáveis, que é o que a gente chama de uma prova de conceito. Primeiro, tem que transplantar um embrião numa porca e ver se vão nascer os porquinhos com os genes que causam rejeição editados – silenciados”, explica Mayana Zatz.

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Fonte: CNN, Correio do Povo.

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