Socorrista presta atendimento após racismo

Socorrista presta atendimento após racismo, a condutora Laura Cardoso estava pronta para fazer mais um atendimento solicitado via Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) quando se deparou com uma família que pensou duas vezes antes de deixar o familiar, que perdeu a consciência, receber o socorro por ela. O motivo para a resistência foi por Laura ser negra. O caso ocorreu em São Paulo em 12 de março.

Ao entrar no quarto do homem de 90 anos, que sofria com sequelas de AVC e hipertenso, ela foi recebida aos gritos pela esposa do paciente, que questionava o fato dela ser negra. “E agora, fulano, ela é negra!”, disse desesperado ao filho. “Tudo bem, mamãe, ela está usando luvas”, respondeu o homem.

Apesar das falas racistas, a profissional de saúde seguiu o atendimento. “A vítima foi devidamente atendida pelas minhas mãos negras enluvadas e deixada aos cuidados do hospital privado que a família preferiu”, afirmou Laura.

A socorrista ainda afirmou que é preciso ter “muita resiliência” para lidar com situações do tipo, mas que nunca cogitou em negar o atendimento necessitado pelo homem. “Se você está perguntando porque essas pessoas receberam o melhor tratamento possível, eu respondo: quem eles são não muda quem eu sou”, pontua a profissional.

O caso de racismo foi denunciado pela profissional de saúde nas redes sociais e causou comoção nas redes sociais. Muitos apoiaram e parabenizaram a atitude da profissional, outros perguntaram o motivo dela não ter chamado a polícia, já que injúria racial é crime.

📷 Socorrista presta atendimento após racismo | Correio Braziliense

Laura contou que a mulher do idoso se assustou quando ela entrou no quarto para fazer os primeiros atendimentos. A socorrista disse que ficou chocada com o que ouviu, mas preferiu não reagir. Ela disse que só pensou em salvar o idoso que precisava ir para um hospital. O homem tem 90 anos e estava com rebaixamento do nível de consciência.

Em uma postagem nas redes sociais, ela contou sobre o ocorrido e disse que “a vítima foi devidamente atendida pelas minhas mãos negras enluvadas”.

“Naquela hora, vendo aquele idoso passando mal, o que eu vou responder para uma pessoa dessa? Também não reagi por causa do meu juramento. O juramento da Enfermagem é proteger a vida desde a concepção até a morte. E eu faço isso. Protejo a vida. Mesmo a vida dos racistas. Qualquer outra atitude poderia colocar a vítima em risco”, disse Laura.

Antes de iniciar o atendimento ao idoso, a equipe também foi questionada por familiares sobre a presença de um médico entre os socorristas, segundo o relato de Laura.

A enfermeira contou ainda que essa não foi a primeira vez que ela foi agredida verbalmente. “Pedem para a gente entrar pelo elevador de serviço, não tocar nos pacientes. Isso é muito comum”, contou.

Laura não denunciou o crime. O advogado Fernando Brito disse que mãe e filho podem responder pelo crime de injúria racial. O crime é previsto no Código Penal, o qual estabelece punição de 1 a 3 anos de reclusão e multa para quem ofende a dignidade de outra pessoa utilizando elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, entre outros.

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Fonte: Correio Braziliense, G1.

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