Coronavírus: estudo propõe medidas para o combate da doença nas periferias

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgaram, nesta segunda-feira (6), propostas para o enfrentamento da Covid-19 nas periferias. As medidas foram elaboradas respeitando as recomendações internacionais, as experiências desenvolvidas pelas próprias comunidades nas últimas semanas e com propostas sugeridas pela Central Única das Favelas (Cufa).

Na nota, os pesquisadores alertam que a alta densidade populacional, mais de uma família no mesmo imóvel, abastecimento irregular de água, coleta precária de esgoto e acesso restrito a serviços públicos como saúde, torna praticamente impossível que a população da favela siga à risca as recomendações dos órgãos de saúde para evitar a propagação do vírus.

Entre as medidas apresentadas no estudo, os pesquisadores propõem que as autoridades não apenas considerem as diferenças entre as regiões na hora de traçar planos de ação, mas também que o façam em articulação com lideranças locais, movimentos sociais, especialistas em saúde urbana, saneamento, habitação e agências governamentais.

Aconselham que governos estaduais e prefeituras ofereçam auxílio para municípios com população mais vulnerável, evitando deslocamentos e sobrecarga de demanda nos principais centros. Os pesquisadores sugerem, ainda, que concessionárias de água, luz e outros serviços essenciais mantenham o fornecimento mesmo para inadimplentes.

📷 Periferias|Rede Brasil Atual

Habitação

Eles recomendam a suspensão por tempo indeterminado do cumprimento de mandados de reintegração de posse, despejos e remoções judiciais, assim como a implementação de medidas que permitam renegociação ou suspensão dos contratos de alugueis para famílias com renda de até três salários mínimos por tempo indeterminado.

O estudo também prevê a distribuição gratuita e emergencial de água potável e de kits de higienização e limpeza (sabão, álcool em gel, água sanitária) em quantidades suficientes para cada morador das comunidades e a organização de mutirões para distribuição de cestas básicas e alimentos saudáveis.

Apoio financeiro

O grupo sugere apoio financeiro para as famílias que dependem da economia popular e informal urbana, particularmente os ambulantes, os catadores, as trabalhadoras domésticas e demais categorias vulneráveis, além de apoio financeiro específico para as famílias das crianças que estarão impedidas de frequentar creches e para famílias com portadores de deficiência, em complemento à renda básica emergencial de R$ 600 que, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República, ainda não está disponível.

O estudo é assinado pelo economista João Tonucci Filho, professor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, mestre em arquitetura e urbanismo e doutor em geografia. Por Pedro Araújo Patrício, economista e mestrando em economia no Cedeplar, e por Camila Bastos, arquiteta e urbanista e mestranda no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFMG.

Fonte: G1

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