Carta aberta aos fortes

Olá, pessoa forte!

É muita gente dizendo que temos que entender quando alguém faz algo que nos machuca, não é? Eu sei. Eu te entendo. Quantas vezes ouvimos: “poxa, vc precisa entender, ela teve uma infância difícil!”, “entenda e releve: “ele sofreu muito na vida e por isso é assim”, “entenda, vc é tão inteligente, releve o que aconteceu…” Mas ninguém tenta nos entender.

É como se nós, os “fortes”, pagássemos um preço por ter feito escolhas mais assertivas na vida, inclusive sempre pensando em não magoar o outro e agora somos quase obrigados a entender a maldade de pessoas que, muitas vezes, nem nos conhecem direito.

E eu coloquei a palavra forte entre aspas de propósito. Porque ser “forte” é estado e é relativo. Estado, porque ninguém é forte o tempo todo. E relativo, porque talvez, pelo menos a forte aqui que está escrevendo, sempre teve as atitudes mais fortes quando estava mais fraca, como por exemplo a de perdoar.

A facilidade para perdoar é justamente porque nunca fui forte o suficiente para remoer a maldade do outro dentro de mim. E eu vou te dizer: devemos perdoar até 70×7, mas também precisamos ser conscientes e não permitir ter a segunda, quarta, décima vez. Por isso que muitas vezes você que é “forte” também precisa tomar decisões. O “forte” se afasta. O “forte” se distancia.

Em muitos momentos na vida, em prol da sua saúde mental, a necessidade de se afastar daquilo que te faz mal é real e você precisa agir com a razão. Não é fácil escolher pensando em você, porque parece ser uma atitude egoísta, mas você nunca poderá dar ao outro o amor que você ainda não da para si mesma (o). Portanto, escolha sempre aquilo que te faz bem, pensando em si, ao invés de pensar demais no que os outros vão dizer e viver uma vida de sofrimento.

As pessoas só tem sobre nós o poder que nós damos a ela.

Já fiz minha listinha de lugares (e abraços) que vou correndo quando a pandemia acabar, mas também já fiz a lista de lugares (e abraços) que talvez não valham a dor de sempre ter que entender e chorar calada. Ainda bem que a lista é pequena, mas está feita. Faça a sua também. Ore por quem te machuca, mas não se obrigue a manter por perto. E seja feliz.

Com amor, Sara Vieira.