Carência afetiva – O mal silencioso

Em algum nível, todos nós já sentimos carência. De certa forma, esse estado é normal ao ser humano e, ainda mais, para nós brasileiros e culturalmente afetuosos. Todos queremos ser amados, ter apoio e ser aceitos.

O problema inicia quando essa carência se torna excessiva. A partir disso, comportamentos destrutivos e de auto humilhação começam a fazer parte do cotidiano do carente, afastando as pessoas e fazendo com que relacionamentos cheguem ao fim por cansaço da outra parte que, por tentar demais e perceber que não consegue suprir a necessidade da (o) companheira (o), acaba preferindo romper.

Carência afetiva

📷 Carência afetiva | Pixabay

Geralmente, as pessoas que convivem com carentes ficam sobrecarregadas por não conseguir cumprir seu papel como gostariam, por mais que se esforcem. O fardo acaba ficando muito pesado.

Uma pessoa emocionalmente saudável é capaz de tolerar momentos de solidão e entender que o vazio é, também, necessário.

As chances de um relacionamento prosperar e dar certo são muito maiores quando as duas pessoas conseguem entender que ninguém é responsável pela felicidade do outro. Um relacionamento maduro é aquele em que ambos entenderam que são felizes sozinhos e que outra pessoa vem para somar nessa felicidade e completude.

A nossa capacidade de expressar nossas necessidades e sermos independentes dentro de um relacionamento têm muito a ver com nossa personalidade e estilo de apego.

Como já foi dito, todos sentimos carência. A diferença é que as pessoas seguras, mesmo estando carentes, costumam ser amorosas e dar carinho. Isso porque, normalmente, receberam muito carinho na infância. Essas pessoas que foram protegidas emocionalmente na infância costumam superar os desafios de forma mais leve.

Já a carência exagerada, como um transtorno, está ligada aos aspectos da ansiedade. Essas pessoas costumam minimizar as necessidades da outra pessoa, como se o próprio vazio emocional fosse a única coisa importante e, por isso, costumam ter comportamentos manipuladores.

Quem se relaciona com uma pessoa portadora de carência afetiva disfuncional, acaba ficando sobrecarregado e anulado. Não importa o que faça para saciar a fome das emoções e atenção do carente, pois ele é insaciável.

Então, o que fazer? As orientações abaixo são para você que se reconhece carente:

1.  Entenda o problema e reconheça que precisa de ajuda

Comece a se perguntar coisas do tipo: Como você se relaciona com as pessoas? O que você gostaria de mudar? Como você gostaria de agir? Responder essas perguntas ajudará você a reconhecer padrões de relacionamento que não são saudáveis.

2. Não se culpe

Entenda que essa é uma condição tratável e que reconhecer a necessidade de mudar, já é o primeiro passo!

3.  Saber e reconhecer o seu problema não te dá legitimidade para sufocar as outras pessoas

O fato de estar com um problema não significa que você poderá usar isso como desculpa para manter seus comportamentos. Mesmo que tenha dificuldade, faça um pouco de esforço para aprender a estar bem só com você. Entenda o valor da solitude e logo verá como isso traz grandes benefícios e satisfação.

4. Use a intencionalidade.

Quem demonstra sinais claros de carência afetiva, provavelmente tem graves problemas com a autoestima. Comece a fazer as coisas sozinho, aprenda a gostar da própria companhia.

É nossa responsabilidade fazer isso por nós mesmos. Outra pessoa não pode ser sua única fonte de felicidade. É muita pressão para colocar no outro.

5. Decida confiar nas pessoas

A carência é frequentemente associada a não confiar nos outros e, muitas vezes, ao medo do abandono. Se você começa a duvidar dos sentimentos de alguém por você ou tem medo de ser abandonado, utilizará dos mecanismos de carência afetiva.

Com essas orientações, os sintomas podem diminuir, porém o ideal é que a pessoa carente busque ajuda profissional. Terapia é uma ótima aliada nesse processo de cura.


Espero ter ajudado!