‘Ali, eu faço de tudo’, diz médico paraplégico que trabalha na linha de frente ao coronavírus

O médico potiguar Heider Irinaldo Ferreira, de 39 anos, é paraplégico e atende pacientes de coronavírus em hospitais de Mossoró e do interior do Ceará.

“Atuo em enfermarias destinada à Covid-19. Ali, faço de tudo. Faço atendimento clínico. Quando precisa, me paramento e entro nas áreas de isolamento. Se precisar entubar paciente, eu entubo”, diz o médico.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, pessoas com deficiência podem estar mais expostas à contaminação pela Covid-19 quando necessitam da ajuda de outras pessoas ou de meios de locomoção como cadeira de rodas, andador e bengala.

Por isso, em tempos de coronavírus, o potiguar precisa se preocupar em não contaminar sua cadeira de rodas, objeto que toca com muita frequência.

“Tenho duas cadeiras de rodas. Uma eu uso somente para trabalhar. Quando chego em casa, deixo ela na garagem e passo para a outra, que uso somente dentro de casa”, explica o médico. “Quando preciso entrar no setor de isolamento, deixo minha cadeira de rodas e pego uma do hospital.”

Além do maior risco de contaminação, Heider também enfrenta barreiras físicas no trabalho.“As macas do SAMU são altas e abaixam pouco, assim como algumas camas hospitalares”, diz.

Antes de começar cada plantão, o profissional precisa checar se a altura das camas do setor da emergência estão acessíveis a ele.

📷 O médico Heide, do Rio Grande do Norte, é paraplégico e atende paciente de coronavírus | G1

“Quando não consigo examinar alguma parte do paciente, como os olhos, por causa da altura das camas e macas, peço que um colega me auxilie”, conta Heide.

O médico se formou pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 8 de abril. Ele e mais 27 alunos colou grau por meio de uma videoconferência e foram liberados para trabalhar no enfrentamento à Covid-19 no dia seguinte.

Mais de 45 milhões de brasileiros, o equivalente a 22% da população, têm algum tipo de deficiência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Desses, pelo menos 512 são médicos, de acordo com o Conselho Federal de Medicina, CFM.

O Conselho Federal de Enfermagem não sabe informar quantos dos profissionais são pessoas com deficiência, PcD, em todo o Brasil. Já em São Paulo, segundo a Base de Dados dos Direitos da Pessoa com Deficiência, plataforma do governo estadual, existem 1.545 enfermeiros e técnicos e auxiliares de enfermagem, além de 136 médicos com algum tipo de deficiência.

Fonte: Agora Notícias Brasil

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